A verdadeira Rosa-Cruz
A Rosa-Cruz na história
É provável que você já tenha ouvido afirmar que a tradição Rosa-Cruz veio do antigo Egito. É necessário apenas alguns segundos de pesquisa para descobrir que esse tipo de afirmação é historicamente falso. Entre as muitas publicações arqueológicas, nenhuma delas revela elementos que podem justificar esse tipo de tese fantasista. Só se pode ser cauteloso sobre grupos que fazem disso sua base doutrinária.
Portanto, é fundamental apresentar os elementos históricos incontestáveis sobre os quais você poderá se basear para entender melhor essa tradição fascinante.
Vamos associar mais estudos aprofundados que você poderá encontrar no Blog.
As primeiras referências cronológicas são fáceis de entender e resumir:
- Idade Média francesa: fundação da Tradição Rosa-Cruz no Sul da França integrando elementos gnósticos.
- 1614, 1615, 1616 : publicação dos escritos fundamentais sobre a Rosa-Cruz por John Valentin Andreae e seu círculo de amigos. Não parece ter havido nenhuma organização Rosa-Cruz antes disso.
- 1777 : organização de uma Ordem alemã ligada à Franco Maçonaria com o nome de « Golden and Rosy Cross ». Esse grupo iniciático esteve ativo durante aproximadamente nove anos.
- 1867 : organização, na Inglaterra, da « Societas Rosicruciana in Anglia » (S.R.I.A.) derivada da « Societas Rosicruciana in Scotland » (S.R.I.S.) na sequência da admissão de William James Hughan.
- 1850 : Ordem da Rosa-Cruz descendendo da Rosa-Cruz original francesa organizada na época medieval.
- 1888 : organização, na França, por Stanislas de Guaita, da Ordem que representamos, a Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix. Todas as outras organizações reivindicam a Rosa-Cruz que você pode encontrar em pesquisas são criações datando do começo do século 19, como por exemplo, a AMORC.
Para compreender a origem dessas misteriosas organizações Rosa-Cruz, é preciso olhar brevemente para a história do desenvolvimento desse movimento. Deixaremos aqui de lado o período medieval para começar pelas publicações dos livros célebres.
Entre 1614 e 1616, três livros estranhos foram publicados anonimamente na Alemanha. Os autores eram provavelmente o pastor Johann Valentin Andreae e seu círculo de amigos. Essas obras tem os seguintes títulos:
1- Fama Fraternitatis Rosae Crucis; 2- Confessio Fraternitatis; 3- As Noites químicas de Christian Rosenkreutz.
Segundo os historiadores modernos, não há nenhuma indicação de grupo oculto chamado Rosa-Cruz ou Rosae Crucis na Alemanha antes dessas publicações. Como todas as tradições esotéricas ou religiões do mesmo nome, os mitos fundadores do grupo criado por Johann Valentin Andrae reivindicavam que seus trabalhos vinham da Antiguidade. Para lançar alguma luz sobre tudo isso, devemos mencionar que é perfeitamente exato que os símbolos da cruz e da rosa são antigos. Esses dois símbolos foram utilizados de maneira notável na poesia, religião e esoterismo desde os tempos antigos. Entretanto, o desenvolvimento moderno do símbolo da Rosa sobre a Cruz é novo e não faz parte de nenhuma linhagem antiga.
Parece muito provável que os cabalistas cristãos foram diretamente implicados na transmissão de uma herança esotérica cristã que associam intimamente uma gnose secreta às práticas rituais internas. Esses iniciados, claro que Cristãos, baseavam seus trabalhos sobre conhecimentos bem diferentes dos dogmas públicos impostos pelo poder eclesiástico de Roma. Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim (1486 - 1535) e o Dr. Heinrich Khunrath (1560 - 1605) são dois bons exemplos da existência dessa tradição esotérica. Como se pode ver nos livros mágicos escritos por Agrippa, as antigas tradições pré-cristãs são conhecidas e utilizadas. Este, por exemplo, não parece fazer realmente diferença entre as antigas divindades e os nomes divinos hebraicos.
As pranchas simbólicas do Amphitheatrum Sapientiae Aeternae escrito por Heinrich Khunrath em 1595 estão no coração da tradição que é transmitida na Ordem Cabalística da Rosa-Cruz. Além disso, são ensinadas nos Capítulos de nossa Ordem.
Uma das mais célebres ilustrações (utilizada como elemento de prática, no capítulo 7 de « l'ABC de Kabbale Chrétienne » de Jean-Louis DE BIASI, Ed Grancher) representa uma rosa de luz posicionada no centro de uma cruz. Essa gravura magnífica está no centro da tradição de nossa Ordem. A análise dessa verdadeira mandala revela uma representação circular da Árvore da Vida cabalistica podendo ser reconhecida como a primeira e a mais completa união entre a cabala hebraica e a cabala cristã.
Nada desse profundo simbolismo está presente nas publicações de Johann Valentin Andreae. A origem e o objetivo dos textos que ele publicou parecem ser de natureza diferente. Como já dissemos anteriormente, ele foi um pastor alemão. Ele publicou esses manifestos um século depois do movimento de Reforma de Lutero (1517). Outra de suas obras apresenta uma visão ideal do cristianismo simbolizada por uma cidade com o nome de Cristianópolis. Então parece que seu propósito foi utilizar a Rosa-Cruz para apresentar ao mundo suas ideias sobre a religião, a filosofia e a sociedade. É tradicional usar alegorias em publicações tão discretas. Os símbolos alquímicos ligados a alguns poderosos mitos fundadores deram nascimento a uma criação que ultrapassa seus criadores. Christian Rosenkreuz se tornou o pai mítico da fraternidade, ao mesmo tempo Mestre iluminado e imortal da Tradição Rosa-Cruz.
Depois desse período, a tradição Rosa-Cruz encontrou dois meios principais de expressão:
1- A Rosa-Cruz maçônica.
2- Os grupos da Rosa-Cruz medieval francesa.
A Rosa-Cruz da Ordem Cabalística da Rosa-Cruz
Como já assinalamos acima, a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz é a primeira Ordem Rosa-Cruz a ter sido organizada na era moderna, mais exatamente em 1888.
Esta vem dos grupos da Rosa-Cruz medieval francesa.
Várias seções desse site internet mencionam o que foi essa tradição. Vamos lembrar brevemente suas características mais importantes.
1- A gnose original: As correntes gnósticas originais se perpetuaram apesar da oposição do poder religioso cristão oficial. Eles resultaram no desenvolvimento de uma forte cultura mística no Sul da França conhecido pelo nome de Catarismo. Os Rosa-Cruz de nossa Ordem do século 19 integraram outras noções gnósticas derivadas das descobertas arqueológicas e revelações espirituais. Hoje em dia a Ordem Cabalística da Rosa-Cruz continuou essa obra se baseando nos evangelhos, tratados e ritos gnósticos pertencentes a essa mesma tradição.
2- A Cavalaria Celeste: Durante a idade média se desenvolveu uma forma de cavalaria moral colocando os ideais espirituais acima dos combates físicos. A busca do Graal é a representação simbólica mais conhecida e representa um dos aspectos essenciais de nossa tradição.
3- Os trovadores: Os trovadores do Sul da França desenvolveram uma forma específica com o objetivo de se elevar ao divino pela contemplação interior dos mistérios sagrados. Deve ser lembrada a importância fundamental do mais antigo romance dessa época que tem o nome de « romance da rosa ». Em vários níveis, esse aspecto da tradição Rosa-Cruz está ligado à cavalaria celeste.
3- A Kabbala cristã: Os cabalistas cristãos do final da Idade Média e do Renascimento reuniram as dimensões teológica, mística e mágica em sua transmissão. Esse aspecto é claramente visível em certos graus do percurso iniciático
4- O ocultismo: Os ocultistas do século 19, assim como Stanislas De Guaita, Papus para citar alguns, associaram à nossa tradição um conjunto de práticas psíquicas de interesse totalmente notável. Eles permitiram a cada iniciado prosseguir um verdadeiro treinamento psíquico em perfeita associação com os graus praticados.
Esse conjunto organizado de maneira coerente por anos de trabalho constitui a característica essencial da mais antiga tradição Rosa-Cruz.